O que a Seleção Brasileira de futebol - minha, sua, do povo – tem em comum com as imagens acima? A máquina de escrever há muito já foi substituída pelo computador – mais rápido, mais moderno; a fita de VHS deu lugar ao DVD, uma mídia mais nova, mais compacta; as fichas de orelhão foram substituídas por cartões de telefone, mais práticos, hodiernos. A Seleção Brasileira deu lugar a..., a que? Portanto, volta a pergunta: o que há em comum entre a máquina de escrever, a fita VHS, as fichas de orelhão e nosso escrete? Todos foram trocados, substituídos, “transformados”, ou em outras palavras, extintos. O que difere o time canarinho dos demais, talvez sejam os adjetivos. Rápida, moderna, compacta, prática? Podem discordar, mas no meu entendimento, a seleção atual não é nada disso!
Sem nostalgia, mas com saudade! Admitamos que torcer pelo Brasil já foi muito mais prazeroso. Hoje para mim, assim como para muitos, esse prazer só cabe nos nossos clubes de coração. O que houve com a seleção? Não quero julgar aqui os critérios técnicos, táticos, de preparação física ou até mesmo a evolução natural do futebol, como acontece em (quase) tudo na vida.
Refiro-me à satisfação de apreciar uma seleção dedicada, comprometida e afeiçoada ao torcedor brasileiro. Lembro-me da Copa de 82, a primeira que “entendi” e me recordo da simplicidade, da naturalidade e da elegância de nossos craques. Em tudo, e não apenas dentro de campo. Fazendo um contraponto, pensemos na ultima Copa, em 2006; algum traço de simplicidade? De elegância? De naturalidade? Nem dentro, nem fora de campo. Apenas soberba, burocracias e prepotência. Desnecessário falar do resultado.
Talvez um pouco disso tudo se explique abaixo. Reparem:
Seleção de 70..........22 jogadores..........22 jogadores atuavam no Brasil.
Seleção de 82..........22 jogadores..........20 jogadores atuavam no Brasil.
Seleção de 90..........22 jogadores..........10 jogadores atuavam no Brasil.
Seleção de 98..........22 jogadores..........09 jogadores atuavam no Brasil.
Seleção de 2002.....23 jogadores..........08 jogadores atuavam no Brasil.
Seleção de 2006.....23 jogadores..........03 jogadores atuavam no Brasil.
Não sei a qual ou quais conclusões vocês chegaram, ou até mesmo se chegaram. Eu cheguei! Como era gostoso ser jogador de futebol há 20, 30,40 anos! Os caras jogavam aqui, moravam aqui, freqüentavam os lugares daqui. Hoje vivem empanturrados de dinheiro, de fama e de solidão, de compromissos com a imprensa, o patrocinador, a televisão, suas empresas, seus negócios, seus jogadores e seus hobbies esdrúxulos.
Para quem acompanha a Seleção Brasileira há pouco tempo, pode soar exagerado. Para mim, soa falso mesmo torcer, vibrar e acreditar nela. Vejo os jogos sim, torço sim, porque acima de tudo, sou Pachecão (lembra dele em 86?) mesmo e acabo deixando o futebol falar mais alto que a razão. Mas, de uma forma geral e guardadas cada vez mais as raríssimas exceções, falta aos jogadores comprometimento, seriedade, tesão e interesse. Concordam?
Assim como a máquina de escrever, o VHS e as fichas de orelhão, a Seleção Brasileira periga não ser reconhecida pelas gerações futuras.
O jornal uruguaio El País elegeu Juan Sebástian Verón como o melhor jogador da América pelo segundo ano consecutivo. O argentino ajudou o Estudiantes a vencer a Libertadores desse ano. No total, foram 109 votos para Verón. Em segundo lugar ficaram empatados o equatoriano Edison Méndez e o chileno Humberto Suazo, com 64 votos.
